By 30 de outubro de 2024

O mercado pecuário brasileiro está cada vez mais harmonizado entre as diversas regiões, com os preços da carne e do boi gordo apresentando movimentos similares em todo o país. No entanto, o Rio Grande do Sul mantém características específicas, influenciadas tanto pelo clima quanto pela dinâmica do mercado. A suspensão da vacinação contra a febre aftosa e a crescente capacidade das indústrias de importar gado vivo e carne de outros estados equilibraram os preços locais, embora a correção de valores esteja ocorrendo de forma mais acelerada em nível nacional.

Juliano Severo Leon, representante da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária, destaca que dois fatores principais estão impulsionando os preços: a exportação e o aumento da demanda interna. A China, em particular, tem aumentado suas compras, pagando um pouco mais pela carne brasileira, resultando em um crescimento de 25% no valor das exportações em outubro de 2024 em comparação ao mesmo mês de 2023. “Esses dados indicam um bom ritmo até o final do ano”, ressalta Leon.

No mercado interno, o aumento do poder de compra da população, em parte devido a estratégias governamentais em um ano pré-eleitoral, também contribuiu para a elevação dos preços da carne bovina. Contudo, Leon alerta para a possível perda de competitividade em relação a outras proteínas, como o frango, especialmente à medida que os preços da carne bovina se distanciam. “Entramos na segunda quinzena do mês, quando as vendas tendem a enfraquecer naturalmente, o que pode pressionar os preços”, explica.

No Rio Grande do Sul, os produtores enfrentam condições climáticas adversas desde o início do ano, o que impactou a oferta de gado de qualidade. O estado, que anteriormente recebia grandes quantidades de carne de outras regiões para abastecer seu mercado interno, agora observa uma redução na entrada desse produto, forçando as indústrias locais a buscar gado de produtores gaúchos. “O mercado local está acompanhando a alta de preços em outros estados, especialmente devido à escassez de animais prontos para abate”, afirma Leon.

Leon também observa que os preços de reposição estão subindo, embora em um ritmo mais lento em comparação ao gado gordo. A saída de gado das pastagens gerou uma oferta pontual, e os confinadores e invernadores estão dispostos a pagar mais, esperando uma melhora nos preços de venda futura. “Não acredito que a correção de preços na reposição seja tão rápida quanto no gado gordo, mas esse ajuste ocorrerá gradualmente”, ressalta.

Outro ponto importante é a redução da oferta de fêmeas no mercado, resultado de uma inversão no ciclo pecuário. Essa situação, somada à menor disponibilidade de novilhos de qualidade, fortalece a expectativa de preços elevados no mercado gaúcho nos próximos meses. “A partir de 20 de novembro, com a chegada da parcela do 13º salário, a demanda interna deve ganhar força, o que pode sustentar o otimismo atual”, prevê Leon.

Apesar do panorama positivo, Leon adota uma postura cautelosa. “Há preocupações sobre até que ponto o consumidor suportará o aumento dos preços da carne. Essa questão precisa ser monitorada de perto”, conclui.

Assim, o mercado gaúcho de bovinos se encontra em um momento de valorização, com perspectivas otimistas para o final do ano, impulsionado pela demanda interna e externa e pela baixa oferta de gado disponível para abate.

Fonte: Notícias Agrícolas

4o mini